domingo, 30 de agosto de 2009

Estréia "Efígie"

11 de setembro de 2001. A poeira impedia as vítimas de enxergar o que acontecia. Um ícone do mundo capitalista vinha ao chão. O ataque ao “World Trade Center” entraria para a história. Oito anos depois, essa é a data escolhida para apresentar à cidade de Campos “Efígie” — a primeira produção cinematográfica de Carlos Alberto Bisogno. O curta-metragem, que traz em seu título à idéia de uma representação fúnebre, estréia neste 11 de setembro, às 20h, no Auditório Prata Tavares, no Palácio da Cultura.

No elenco, os atores Yve Carvalho e Kássyla Corrêa, em um enredo surreal, dão forma a um artista plástico e uma bailarina que, angustiosamente, se envolvem. Alberto Bisogno além de dirigir o filme, é compositor da trilha sonora, produtor, editor e roteirista. Assim como a assistente de direção, Lívia Nunes, também é responsável pela direção de fotografia. A direção de arte teve a assinatura de Angélica Liaño. A Maquiagem ficou nas mãos de Marcinho Manhães e a maquiagem de efeito foi feita também por Liaño. A coreógrafa foi a bailarina Michelle Cristinne do Núcleo de dança Chamart.

— A dificuldade de encontrar pessoas que se comprometessem a realizar o projeto conosco por pura paixão, sem apoio financeiro, fez com que cada um acumulasse todas as funções que podia. Isso acabou ajudando no final. Os resultados foram os melhores. A coreografia para a personagem me deixou muito satisfeito. Senti que a coreógrafa entendeu exatamente o que eu queria dizer com filme. A direção de arte também deu o tom certo para a história e a fotografia em suas variadas tonalidades foi o véu que direcionou a forma como as cenas seriam encardas, em alguns momentos, tirando-lhes o peso e, em outros, acrescentando — confessa o diretor e idealizador da produção.

O enredo retrata um momento da vida de um artista plástico que se intercala com a de uma bailarina, ambos atormentados pelo vazio de suas vidas e pelo fracasso, cada qual do seu jeito. Ela opta pela morte; ele em sua angústia decide retratá-la, mesmo tendo que invadir a morte para poder criar o seu quadro.

— Esse filme é uma incógnita na mente de quem o assiste porque não foi feito para que alguém sente e receba uma informação pronta. Há um diálogo entre o filme e o espectador. Cada um tem uma interpretação diferente dessa história — diz.

Como cenário, o filme usa apenas três ambientes, que são um quarto, uma sala e um bosque. Espaços procurados e analisados para que pudessem servir como o esperavam. Nenhum ambiente, assim como as roupas e os objetos utilizados, poderia especificar exatamente a época e o lugar onde a história se passa.

— No elenco, o Yve foi, sem dúvida, um presente para o meu primeiro filme. Eu não esperava que um ator com uma carreira tão estabelecida no teatro fosse abraçar tão prontamente um projeto no qual teria que confiar inteiramente em um desconhecido, que era eu — conta Bisogno, completando com a satisfação de ter encontrado também a atriz certa. “A Kássyla foi um verdadeiro achado. Várias atrizes desistiram deste projeto pela sua intensidade e necessidade de dedicação. Sabia que somente alguém que realmente se entregasse à arte de ser uma atriz aceitaria esse papel. Ela, tão jovem, apesar do teor forte do enredo, aceitou e foi como se só ela pudesse ter realizado esse papel”, comenta.

Apesar de chamado popularmente de curta-metragem, o filme de 19 minutos e 18 segundos é considerado um média-metragem, de acordo com a classificação da Ancine — Agência Nacional de Cinema. Criando uma união das artes — típica da cinematografia, “Efígie” tenta englobar a literatura, a fotografia, o teatro, a música, artes plásticas e a dança em seus poucos minutos.

— Não tivemos apoio financeiro de nenhuma espécie, porém apesar das inúmeras dificuldades decorrentes disso, pudemos contar com pessoas que se dispuseram a nos ajudar da forma que puderam, como o cinegrafista Willen “McGyver” de Paula e a colunista social Lenilda leonard. Com o talento da equipe e a boa vontade dos amigos, conseguimos superar as dificuldades — diz.

Apesar da estréia marcada, essa não é a primeira exibição pública de “Efígie”. Ele foi, apresentado, em duas exibições, no início do mês de agosto na Mostra Informativa do Festival Brasileiro de Cinema Universitário, na cidade do Rio de Janeiro. Agora, a equipe, espera ansiosamente, o dia de apresentar o filme à Campos.

— 11 de setembro é um dia que carrega, desde 2001, um peso muito grande. O atentado foi um choque para o mundo, assim, como eu desejo que “Efígie” seja um choque para os que o assistirem, um atentado. As pessoas precisaram parar para pensar no por que daquilo tudo, assim como esse filme não pode ser visto superficialmente. Inevitavelmente, é preciso mergulhar em si mesmo, e procurar em si as respostas — finaliza.